quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Hepatites: a ordem é PREVENIR!


Fonte: Revista Vitta/ed.3

Hepatite é uma doença que compromete as funções do fígado e que, apesar da possibilidade de cura, é uma das principais causas dos transplantes de fígado e das complicações hepáticas, uma vez que cerca de 70 a 85% dos casos de contaminação evoluem para doença crônica. Para esclarecer suas dúvidas e, principalmente, indicar estratégias de prevenção, conversamos com Guilherme Felga, hepatologista do Hospital Israelita Albert Einsten (SP).

Quais são os tipos de hepatite?

As de maior relevância no Brasil são as hepatites A, B, C e D. A hepatite A, em geral, tem um curso benigno e sem repercussões mais graves.
Raramente evolui para casos com necessidade de transplante de fígado. A hepatite B pode requerer acompanhamento e tratamento devido ao risco de cirrose e câncer primário do fígado, mas não sempre. A hepatite D ou delta ocorre exclusivamente na região amazônica e afeta somente indivíduos que também portam a hepatite B, pois um vírus depende do outro para provocar a doença. Já a hepatite C é silenciosa, e afeta cerca de 1% de toda a população brasileira. Os portadores não tem qualquer manifestação ou mesmo cirrose e câncer primário do fígado.



Como ocorre a transmissão?

A hepatite A é transmitida pelo contato com água e alimentos contaminados por fezes de indivíduos que possuem a doença aguda. As hepatites B, C e D são transmitidas de modo muito semelhante ao do vírus HIV: pelo contato sexual, compartilhamento de seringas, material cirúrgico e transfusão com sangue contaminado. A hepatite B tem um alto risco de transmissão vertical, isso é, de mãe para filho no momento do parto.

Quais são os sintomas? Eles são os mesmos em todos os tipos?

Variam muito de doença para doença e de pessoa para pessoa. Nas hepatites agudas os indivíduos podem apresentar mal-estar generalizado, febre, dores pelo corpo, dor abdominal e icterícia, que é a coloração amarelada dos olhos e da pele. Nas hepatites crônicas o paciente pode não ter qualquer sintoma, mesmo em fases avançadas da doença, quando já há cirrose.

O que a pessoa deve fazer em caso de suspeita de hepatite?

Idealmente procurar um médico especializado para acompanhamento. O especialista nas doenças do fígado é o hepatologista, que em geral é um gastroenterologista especializado nas doenças hepáticas.

Hepatite tem cura?

Todas elas são curáveis, tanto as formas agudas como as crônicas. A hepatite aguda não demanda tratamento na maioria dos casos, com o indivíduo melhorando espontaneamente. Os sintomas, como febre, náuseas e vômitos podem ser medicados com antitérmicos e antieméticos. As hepatites crônicas B e C têm um tratamento mais complexo, com medicações variadas, que deve ser conduzido por um profissional especializado. Vale lembrar que nem todo mundo que tem hepatite B ou C precisa ser tratado, o que reforça a importância de se procurar um médico que conheça o assunto.

O que há de mais novo para o tratamento?

Felizmente a ciência tem nos brindado com muitas descobertas no campo das hepatites. No caso da hepatite B, temos hoje uma ampla gama de medicamentos que podem não apenas tratar a doença, mas reduzir o risco de cirrose e câncer. No caso da hepatite C, houve uma expressiva evolução no conhecimento a respeito do comportamento do vírus durante o tratamento, permitindo individualizar o combate de acordo com as características do paciente. Novas drogas começaram a ser testadas e provavelmente logo estarão disponíveis para uso na prática diária.


Como é a vida depois da hepatite?

Depende do tipo de doença. Nas formas agudas em que há cura, vida normal, sem restrições. Nas formas crônicas, depende do estágio da doença, da necessidade de tratamento e da presença de cirrose.

Quais são as principais estratégias de prevenção?

No caso da hepatite A, saneamento básico. Para as hepatites B e C, os cuidados são semelhantes àqueles tomados para prevenção de AIDS: uso de material descartável estéril, triagem nos bancos de sangue para a doação e uso de preservativos. Para filhos de mães infectadas pelo vírus da hepatite B e no caso de exposição à material contaminado de pessoas infectadas é feita uma combinação de anticorpos contra o vírus da hepatite B e vacinação. As hepatites A e B também podem ser prevenidas com vacinação, sendo a vacina para a hepatite B disponível na rede pública de todo o país.

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